Ela estava cansada de ceder a todos. Ouvir seu nome adulterado prostituído, e mal afamado em toda parte.
Mas é melhor que ela mesma conte sua estória.
Meu nome era falado nos botecos, padarias, cemitérios, na casa do pobre. Na mansão dos ricos.
Um dia, eu resolvi ter com o chefe da empresa e fui direto ao assunto.
Disse:
_ Não quero mais trabalhar neste cargo.
O chefe me olhou e respondeu, com sua voz grossa e concentrada, enquanto roçava a mão na barba.
_ Não existe uma substituta. Eu a treinei. Eu a fiz nesta empresa.
Eu, com as faces rubras e quase irada, respondi, enfrentando-o pela primeira vez.
_ Eu virei uma espécie de religião. Em todo assunto sou citada para resolver as falhas dos outros. Peço demissão.
Meu chefe se levantou da cadeira confortável, acolchoada. Era difícil vê-lo perder o controle. Porém, neste dia, sua mão enorme socou a mesa.
_ Você não está pedindo demissão, mas querendo começar uma rebelião!
A partir daqui eu continuo.
A funcionária foi demitida por justa causa. A empresa não poderia se sustentar sem ela. Ficou tudo de pernas pro ar.
Hoje, aquilo lá é uma zona, balbúrdia. Todo mundo enfurecido, já não se acredita em nada. Aumento de salário, promoção. Em nada!
O Reino da Ilusão, hoje, vive triste porque o Rei adoeceu e não houve quem o curasse, afinal ela se fora. Estava apodrecendo nos porões do castelo. E, irresoluta, mantinha sua palavra. Não era prostituta. Presa, esqueceram-se dela.
E foi assim que o Reino da Ilusão ficou sem Esperança, a única funcionária que tinha credibilidade naquelas paragens.