Um brinde aos leitores, este livro de Odir Cunha. Uma viagem no tempo de Epicteto, em plena atualidade, evocando imagens da maravilhosa e histórica cidade de Paraty. Epicteto, o filósofo.
A Mundo Editorial , é uma editora de raro bom gosto. Dada a velocidade de informações na internet globalizada, ser uma editora de livros impressos, é uma ousada dádiva para quem realmente sente prazer em editar e ler um livro de papel.
O lugar é Paraty, assessorada pelo mar, aqui no Rio de janeiro. Mais de cinqüenta trezentas praias paradisíacas cercam esta cidade que se orgulha da FLIP – Feira Literária de Paraty. Uma cidade que respira arte, e que, em todas as charmosas esquinas, pode-se esbarrar com um pintor leviano, misturando escolas, num quadro único.
A linda estória do livro começa com Pedro, um homem maduro, escritor adormecido, amargando o fracasso. Em todos os sentidos, ele se sente acabado: no casamento, perante os filhos e, principalmente, na vida profissional, pois era o mantenedor oficial do conceito família. O chefe da esposa e dos filhos.
Ao encontrar amigo dos tempos de escola, o Mauro, aceita o convite deste para passar alguns dias na sua casa, em Paraty. Saindo de uma São Paulo conturbada, Pedro depara-se com amigos verdadeiros, e, de quebra, assimila as provações de sua própria vida aos ensinamentos de Epicteto.
Não é livro de auto-ajuda. Tampouco pretende, Odir Cunha, impor ensinamentos através de seu romance. O que se vivencia aqui, é a mais básica das verdades de nossas vidas: a possibilidade de reescrevermos nossa própria estória, a partir de desventuras mundanas e materialistas. É possível negar o nosso lado espiritual? Acho que não.
Odir Cunha, jornalista e escritor, é autor de alguns excelentes livros, como Sonhos mais que possíveis – Editora Planeta ( 2008); Oscar Schmidt, a biografia do maior ídolo do basquete brasileiro – Editora Best Seller (1996).
A sensação que me invadiu, ao terminar a leitura, foi de completo abandono. Eu queria mais!
A trajetória do personagem Pedro, costurada por belas imagens paradisíacas, e mais a companhia filosófica de Epicteto, simplesmente encantam de tal forma, que fica impossível não sair o leitor com o espírito renovado dessas lindíssimas páginas da literatura brasileira contemporânea.
Trecho do lvro:
“_ Só queria lembrar duas liçõezinhas de Epicteto – emendou Mauro – Acho que elas poderão ajudá-lo muito nessa escolha (ficar ou não em Paraty, e levar uma vida saudável e simples). Primeira: o mestre diz que devemos definir claramente a pessoa que queremos ser. Idealize isso. Está vendo aquele espelho? Pois olhe para ele e veja você mesmo daqui a dez anos. Olhe bem nos olhos daquele Pedro. O que eles passam? Alegria, realização, felicidade? Pois o que você imaginar, vai acontecer.”
Livros como O barqueiro de Paraty fazem festa em um coração ávido por boa literatura brasileira.
Uma mostra do amor à literatura, em Paraty.
Ouça aqui a entrevista do jornalista Barbeiro com o autor.