BlogOsfera: A volta prometida. Jesus te ama, blogueiro!

Pelo título já dá pra perceber que se trata de um post maldito! Mas todo maldito é bonzinho…Na verdade essa aqui que vos fala é uma menina-mulher-espírito que bebe álcool (etílico com blues) e já viveu experiências diversas na vida, inclusive a mais trágica de todas: o rompimento com própria vida depois de deparar-se com a morte (convivi com perdas fantásticas: meus heróis morreram de overdose – uma metáfora para falar de meus ancestrais músicos que jamais usaram drogas. Sorry.)

Assumo: gosto de pensar e de filosofar e de rir e de comer coisas legais! Canibal das emoções, sou buscadora de ilusões, beijo até o fim as minhas certezas incertas.

Gosto de gente interessante, gente bonita e com certeza nada tenho enrustido no quesito ‘tesão’.

Mas o que é o TESÃO?

Vamos lá, amigo blogueiro.

Ainda existem em algumas ilhas do Pacífico e no Brasil tribos lindas que se amam e que nem estão aí para nós, pernósticos civilizados que ficam com a ‘bunda na janela para que passem a mão nela!’

Blogs são ou deveriam ser uma forma de diário onde o autor possa se deparar com a sua própria inspiração, necessária inspiração de escrever, ou seja, falar para o mundo inteiro de seus pensamentos, anseios e ideologias.

Galera, acabou a merda da censura! Acabou a virgindade! Acabou a discriminação e já era o comunismo. É muito lindo poder dizer que amamos aos pobres, ricos, negros, brancos e rosas, Robinson Crusoé, Salomão, Brad Pitt e Jesus Cristo!

Aliás, JESUS CRISTO é com certeza o cara mais verdadeiro de quem tive notícias. Sua reflexão a respeito da humanidade é tão eternamente visceral que eu me encontro propícia a perdoar seus servos desavisados e burros da atualidade, até porque faz sentido quando o cabeludo falou:

“Perdoai-os meu pai, eles não sabem o que fazem!”

É obtuso não se lembrar que Ele foi homem na terra. Carne e espírito. Como nós. Igualzinho. Mesmas possibilidades, ok? Ou não somos manos?

Parece um post evangélico? Protestante? Careta? “Arrependido”?

Não, cara pálida!

Apenas estou desabafando meu coração para vocês, se é que vocês estariam interessados em ouvir o que tenho a dizer…

Por isso o título do meu artigo.

Falo o que quiser. É meu diário! Coisas da evolução! Globalização. Jesus é um cara do mundo todo. Como nós blogueiros!

Aprendi que na vida pode não existir vida se nós não tentarmos ao menos respeitar os grandes mestres da evolução espiritual e sagrada. Coisas que nos regem independentemente de nossas vontades tão mesquinhas, portanto BLOGS são nossos diários sim! E protestar sempre, este é o caminho.

Fala-se o que quer. Mas a nostalgia me obriga a lembrar de um detalhe que tem a ver com ‘diários’: Num diário, quando falamos de nós, normalmente não quereremos que outros participem de nossa ‘odisséia interior humana’. Que ninguém o leia, correto?

Eis então a diferença aqui, nesta blogOsfera eletronicamente perfeita. BLOGS são mesmo diários mas estão na crista da onda a provar para os cientistas antropólogos que a globalização invadiu democraticamente nossos diários. Fazer o quê?

BLOGS são a perfeita emanação de Jesus Cristo, Marx, Ghandi e Jimi Hendrix. Pesoas que, como os blogueiros, não se importaram em dividir, ainda que arriscando sua própria alma, se desgastando perante seu próprio pensamento, não se importando em dividir suas células pensantes. Salve os blogueiros! Salve o cabeludo!

Definindo e fechando este post maldito meu e de vocês: Existe alguma semelhança entre Jesus Cristo e seus irmãos blogueiros?

Um ponto de indiscutível semelhança: Tanto Jesus Cristo quanto os blogueiros se dedicam a mudar as coisas de forma a fazer os leitores/ouvintes mais felizes e amigos. Bem vindo, Senhor, ao novo milênio… Agora posso entender quando falastes que voltarias! Mas não imaginávamos que este retorno se chamaria BLOGOSFERA! Valeu, My Lord! Faremos nossa parte!

“Paz na Terra aos homens de boa vontade.”

Mais uma vez convido o Criador da Criatura e dublé de blogueira Daisy: Alessandro Martins, que ao me dar a óstea da blogOsfera, permitiu-me avançar em minha caminhada espiritual e ‘maldita’. Eu sou blogueira!, sigam-me os bons! hehe… E os blogueiros não pretendem afastar o cálice do vinho tinto de sangue!…

http://www.alessandromartins.com/

Gregório de Matos – pequena homenagem

     Erótico-irônica

Necessidades forçosas da natureza humana                               

SONETO

Descarto-me da tronga que me chupa,

Corro por um conchego todo o mapa,

O ar da feia me arrebata a capa.

O gadanho da limpa até a garupa.

Busco uma freira que me desentupa

A vida que o desuso às vezes tapa,

Topo-a, topando-a todo o bolo rapa,

Que as cartas lhe dão sempre com chalupa.

Que hei de fazer, se sou de boa cepa,

E na hora de ver repleta a tripa,

darei por quem mo vase toda Europa?

Amigo, quem se alimpa da carepa,

Ou sofre uma muchacha que o dissipa,

Ou faz da sua mão sua cachopa.

 IMAGENS BARROCAS DO AMOR COMO VERDADEIRA EXPOSIÇÃO, METALINGÜÍSTICA, DO CÓDIGO POÉTICO IDEOLÓGICO PARA DEPOIS TERMINAR OPTANDO PELA EXPERIÊNCIA DIRETA:

Poesia Amorosa – Lírica

O Amor é finalmente

um embaraço de pernas,

uma união de barrigas,

um breve tremor de artérias.

Uma confusão de bocas,

uma batalha de veias,

um reboliço de ancas,

quem diz outra coisa, é besta.

 

Uma mulher e uma menina

Mulher – Está tudo bem contigo?

Menina – Como é estar tudo bem?

Mulher – Ah, é você sentir uma coisa boa aqui dentro… e ter vontade de sorrir pra todo mundo!

Menina – Hum… então acho que não ta tudo bem não.

Mulher – E posso saber por que, querida?

Menina – Mas é você a adulta. Fala você, vai…

Mulher – É, parece que você tem razão… O que sente, benzinho?

Menina – Uma dorzinha aqui no meu peito, mas não é dor de gripe… é diferente.

Mulher – Já foi ao médico?

Menina – He-he-he… não é dor de médico não. Só se tiver médico pra esse tipo de dor. Será que tem? Você conhece?

Mulher – Hum… vamos ver: como é que sente esta dor, meu bem?

Menina – Tsc-tsc-tsc… acho que não sei explicar…

Mulher – Use parábolas… pode dar certo.

Menina – Não sei que é isso não.

Mulher – Está vendo aquele pássaro? Um bem-te-vi. Lá!

Menina – To vendo sim…

Mulher – Tem gente que se sente feliz como um bem-te-vi porque pensa que, como ele, pode voar…

Menina – Inda bem que sou inteligentinha he-he-he… acho que entendi!

Mulher – Que bom! E então…

Menina – Bem… tá vendo aquela nuvem lá em cima, aquela bem alta que parece um chapéu?

Mulher – Sim…

Menina – Eu sou ela…

Mulher – E por quê?

Menina – Porque quando fico assim, eu vou pra lá e viro nuvem… ai, olho tuuuudo lá de cima.

Mulher – Que lindo! Então por que fica triste, com essa dorzinha no peito?

Menina – Porque enquanto estou lá e sou nuvem, eu olho tudo feio aqui em baixo…

Que jogo é este? Quem ganha? hehe!…

Meu querido amigo Jefferson, me convidou a participar de um desafio: deverei pegar o livro mais à mão e abrir na página 61. Daí terei de transcrever a quinta frase completa hehe. Convidarei cinco amigos que deverão convidar mais cinco e avisá-los, ok?

Meu resultado:

 ”Tenho uma cunhada, uma moça nova ainda, que é franco-mexicana e vive em Los Angeles. Quando recebe a nossa mesada, escreve-nos sempre, dizendo: “Vocês vieram de novo até nós num tapete voador, como de costume…”

Livro: O cavalheiro de domingo – autobiografia de Irving Wallace que, por acaso,  esteve em minha mesa toda a semana. Agora sei o porquê hehe…  (ganhei, jeff? – ninguém mais lê Irving Wallace – quesito originalidade hehe)

Beijos, amigo!

Quem quiser passear por um blog de reflexões e filosofia, acesse:       http://www.jefferson.blog.br/

Vão encarar, amigos?

http://patriciahh.wordpress.com/

http://estamosnamerda.blogspot.com/2007/09/vida-besta.html

http://incautosdoontem.blogspot.com/

http://www.caldodetipos.blogspot.com/

http://leituradiaria.comhttp://www.askthe-dust.blogspot.com/

Poema tardio de primavera

SunFlowers

Quem dera os homens (e as mulheres também)

pudessem compreender a beleza de uma flor no campo,

a pureza de um encontro na floresta

e o doce sabor de um beijo depois da meia noite

quando todos somos vampiros

e ninguém teme nada, nem a noite, nem ao sexo!

Quem me dera poder divulgar meus desejos

em todas as mídias, no cinema e nas revistas

de fofoca…

Nas telinhas apaixonadas das donas de casa

que amam tanto quanto eu, a um homem só

de forma tão fiel e enraivecida,

porque na vida real

nem sempre o final é feliz…

O nosso melodrama geralmente termina em solidão.

Nossas camisolas são deixadas na lavanderia da esquina

com as cores desbotadas. Infelizes…

Nem mesmo Tim Maia me salva, e nem a nós

pobres mulheres de antenas desligadas

com sonhos guardados atrás do armário

perfumados em langerieres rosas e brancas,

calcinhas sedosas esperando alguém para arrancá-las…

Mas a vida não é uma novela… nem minissérie…

nem nada diferente de um dia cheio de carros buzinando

levando com óleo diezel e gás

nossos amores virtuais.

Quem me dera ouvir Tim Maia ao lado do meu homem,

se ele existisse, claro, porque de sonhos e mágoas

o céu também é feito.

E de nuvens de algodão:

o meu é bem doce, eu sei, porém…

derrete-se antes de ser apreciado

por algum amor primaveril

que dentre tantas damas afoitas e apaixonadas

não se lembrou de mim,

foi-se embora acabrunhado

e não mais me quis

não mais me viu…

Ética – o que pensar desta moça?

ABANDONE O ESTUDO E REDUZIRÁ OS ABORRECIMENTOS.

QUAL É A DIFERENÇA ENTRE CONCORDAR E NEGAR?

ENTRE O BEM  E O MAL?  (LAO TSE)

Às vezes acontece. Acordei pensando na morte da dialética, da bezerra. Entretanto, muito também já foi anunciada a morte do rock!

Neste caso, voltemos à dialética e repensemos a morte. O que fatalmente nos levará ao consumo reflexivo da ética. E da moral, por que não?

É papo cabeça. Hum… pode até ser, mas, se é de cabeça que estamos falando- bolas!- nada mais de acordo!

É o seguinte, cara pálida! Estamos vivendo um absurdo e furacônico momento de transição na vida terrestre. O homo sapiens está na internet e seus nervos estão por um triz. Entramos no terceiro milênio terrestre com a cara e a coragem: enfrentamos sérgios naias, sadans russeins, sádicos votos eleitorais, jesus cristo renovado na boca do povo que não lê (!). Bushs e putarias as mais diversas. Um presidente brasileiro que se encontrava às escondidas com os homi da dita cuja ditadura militar.

Ética! Quem é esta moça? Então, dona mocinha: posso falar que odeio meu presidente cachaceiro e aleijado? Devo achar lindas as cotas raciais para negros, cachorros e chineses?

Gastar minha grana alugando filmes nacionalmente produzidos pela globo filmes? Tenho que prestar reverências para o papa e o sr. roberto marinho, fundador do terror ficção na mídia brasileira…?

O altruísmo e a moral! Quem vai encarar?

Vou transcrever alguns trechos de um livro meu com este título aí. São dois escritores italianos que revisam, de forma tão eticamente a dialética e a igreja, que chego a fazer xixi de nervosa.

Para mim, ética é justamente não pensar em ética. Houve tempo em que ética rimava com a tal da dialética que ruiu e muita gente foi pra puta que a pariu. Porém, de alguma forma nostálgica, eu me vejo aqui, nesta tarde de domingo, rezando meu terço filosófico, fazendo uma caminhada proustiana pelo saber dos que não sabem nada.

Ah, sim, vamos às citações dos caras. Fico por aqui.

Dialeticamente falando, não encontro o referido livro. O que não chega a ser um transtorno porque entre nietzsches e kafkas, pesquei um livro excelente de minha ex-editora ‘espaço e tempo’ – editora alternativa e muito respeitada na década de 90 no Brasil. (não de minha propriedade).

O livro é ‘A Neurose do Paraíso Perdido’ ( Pierre Weil)

 ”O que é o Ser?”

“Do ponto de vista filosófico, eis uma questão ardilosa; uma armadilha na qual muitos filósofos caíram; deixar-se apanhar na armadilha consiste em responder: ‘O Ser é…’ e aí ajuntar substantivos ou adjetivos qualificativos, que completem esta afirmação.”

Tentativa de dissolução das fronteiras econômicas e políticas

“No que se refere às fronteiras traçadas pelos conceitos de propriedades pessoal e familiar, seu caráter ilusório e fantasioso é objeto de insistentes descrições tanto no Hinduísmo como no Budismo. É sobretudo através da meditação e da educação das crianças que se consegue desfazê-las ou evitá-las respectivamente. A tradição judaico-cristã é excessivamente ambivalente a este respeito; no Antigo Testamento, a propriedade é não somente reconhecida e objeto de legislação, como também inclui os escravos e a mulher sob o mesmo título que o gado, mas, no mesmo tempo, reconhece o caráter vão de toda riqueza:

‘De que nos valeu riqueza e basófia?

Tudo isso passou como uma sombra,

Como uma novidade fugidia.’ Sg 5.8-9.

O Novo Testamento apenas reforça este último ponto de vista:

Não ajunteis tesouro na terra

onde a traça e a ferrugem tudo consomem,

onde os ladrões minam e roubam.” Mt 6.19.

Ainda bem que a dialética, bem como meu amado rock’roll, não morrerão jamais. Ou não!

Conclusão momentânea: Fácil destruir a verminose estatal brasileira: basta provar  a eles que o ouro já foi embora, para Inglaterra e etc… e que esta fome de riqueza corrupta no Brasil nada mais é que nostalgia dos tempos em que era chique imitar a Corte.  ;)

Mas adoraria degustar com vocês a opinião de nosso amado blogueiro filósofo Jefferson – Lubrulumen.

http://www.jefferson.blog.br/

Femininas apesar da conquista homérica – cinematográfico!

 Sendo mulher… e fazendo cinema.

Não não, não é assunto ultrapassado falar da mulher atual =P

Não foi tão fácil ou rápido pularmos as cercas de nossos castelos e “invadirmos” o mundo dos homens. Deixar de ser a princesa nos custou: trocar pneu de carro, as lâmpadas da casa, dirigir com “braços fortes”, sujar as mãos de graxa (argh!), desentupir pias, pagar as contas (ai!)… mas de certo não perdemos ou não devemos perder a feminilidade e nem o amor ao sexo oposto, correto? Isso nem pensar, querido!

Ser feminina:

Ser feminina é mais que ter beleza, charme e estilo. Feminilidade é alguma coisa a mais, difícil de definir, mas é irresistível, não se tenha dúvidas. Eu acredito naquele sorriso ao cruzar as pernas, num olhar puro mas cheio de malícias e sonhos, um casaquinho de lã ou uma echarp caída nos ombros. Um aromazinho agradável saindo dos cabelos, um hálito de hortelã ;)

Aceite gentilezas – Na verdade não precisamos realmente que homens abram a porta do carro ou puxe a cadeira para sentarmos, mas devemos deixar que isso aconteça sim porque é ótimo exercício para gentilezas. A delicadeza só faz bem e demonstra sensibilidade;

Não tenha vergonha de pedir – Nossa “emancipação” nada tem a ver com necessidade de ajuda. Como falei lá em cima, podemos deixar os homens trocar nossos pneus, quer dizer, do nosso carro hehe. Temos realmente mais dificuldades para certas tarefas de manutenção. ;)

Volte a ser criativa – Não devemos nos perder no corre-corre da vida, voltemos à nossa criatividade, faça um arranjo de flores e leve pra casa, pinte um quadro ou, como eu, escreva, o importante é criar! )

– Repare no seu corpo – O corpo da mulher tem muito mais curvas que o dos homens. Significa que temos mais graça, mais charme nos movimentos. Uma boa dieta alimentar e algum exercício é tarefa obrigatória pra sempre!

Experimente ser mulher por inteiro – Algumas mulheres buscaram a independência da cintura para baixo, outras da cintura para cima, ou seja, há mulheres que se libertaram pelo sexo e aquelas que se libertaram pelo intelecto – melhor os dois – porque acho que há que haver o equilíbrio entre os dois pontos: podemos ser femininas, amar e fazer sexo segundo nossas escolhas, pensar com a cabeça e deixar tudo bem equilibrado, afinal, o mundo é nosso!   ;)

Mais tarde irei assistir a algum filme aqui no Festival de Cinema que começou ontem. Participam cerca de 60 países divididos em 20 mostras espalhadas por mais de trinta salas. Abre a temporada com o filme ‘Tropa de Elite’ de José Padilha, um filme de polícia que vira caso de polícia por conta da pirataria.

Eu assisti e garanto que é imperdível. Como boa tupiniquim vou falar: nem parece brasileiro! Bom sinal. O BR está indo na direção certa na arte cinematogáfica. A direção é primorosa e atenta, ritmo perfeito e atuações mais que convincentes do elenco.  Vagner Moura chega a surpreender de tão perfeito em sua atuação como policial honesto no meio de um esquema indestrutível –  o da corrupção.

Perfeito. Reflexivo, com notas de violência e ação dignas de premiação.  Produção digna de aplausos.

Há várias novidades, mas a maravilha é que nunca houve tantas mulheres envolvidas em cinema – direção inclusive – como este ano no Fest Rio. São 370 filmes, entre independentes, documentários, longas, estrangeiros, nacionais.

Deverei falar mais das diretoras. Afinal este é um blog feminino sim. Mas jamais feminista.   P

O diálogo babilônico

 Ponto de ônibus. Dois homens. É madrugada.

Um está de terno e com uma mala de viagem. O outro é mais novo, usa jeans e cabelos longos. Barba por fazer e roupas velhas e um tanto sujas. Fuma cigarro e tem unhas roídas.

O de terno não parece brasileiro. Caucasiano e com uma certa postura inglesa: mal feito de corpo e sisudo.

O mais jovem olha em volta, como a pensar o que aquele homem estaria fazendo alí, àquela hora da madrugada. Como bom carioca, puxa assunto, querendo ficar amigo:

_ Esperando ônibus, companheiro?

O homem o olha, sorri sem vontade e nada responde. O cabeludo retoma a tentativa de diálogo:

_ À essa hora fica difícil pegar um ônibus. É gringo é? Falar minha língua? Não? hehe.

O homem de terno empertigado senta-se sobre sua própria mala e acende também um cigarro com um isqueiro de ouro.

O esfarrapado pergunta, desta vez mais irritado:

_ Hei! Não falar minha língua tudo bem, mas esse desprezo me irrita tá sabendo, amigo?

O homem solta tranquilas baforadas e finalmente presta mais atenção ao seu interlocutor. Abre a boca. Vai falar. E fala:

_ Ela se foi…

_ O que?

_ Megalomanias e girassóis desertos. Gripe e fúrias…

_ Não entendi… fala de novo!

_ A chuva não vem, as flores morrerão.

_ Mora no meu país?

_ O planeta vai explodir.

_ É, eu também não aguento mais…

_ Comam gafanhotos!

_… esperar a condução…

_ Ela se foi. Vai ter guerra. Não fiz sexo hoje.

_ Minha bunda tá doendo. Estive sentado todo o dia naquele computador de merda!

_ Deus está morto. As vagabundas me passaram doenças…

_ Meu cachorro mordeu o peito gostoso de minha vizinha. Deu tesão, amigo!…

_ Platão é um merda…

_ Gosto de novela, cinema não. É chato, acaba logo!…

_ Já fui criança… quanto tempo não sou mais…

_ Fuma maconha? É bom… tira esse terno, babaca!

_ Meu inverno tem neve… não acredito em nada…

_ Minha mãe morreu com câncer na cabeça! Tristeza…

_ Minha mulher transou com meu pai…

_ Minha tia tem um isqueiro como esse. Mas é do Paraguai. Latão hehe!

_ À noite me encolho e berro junto com Wagner…

_ Estou sem roupa. Ganho pouco! Sou um merda!

_ Nietzsche tem razão. Jesus Cristo não.

_ Hoje eu peguei a garçonete no corredor da escada. Mó trepada!

_ Armas químicas irreversíveis no ar!…

_ Já roubou, cara? Tu é de onde, parceiro?

_ Sexo não é bom com dor, mas já senti dores terríveis…

_ Porra, que frio! Cade este puto desse ônibus!

_ Quando traí e fui traido…macacos darwinianos me morderam o cérebro.

_ Eu li Fernão Capelo Gaivota na escola… O livro de minha vida…

_ Estou sufocando…

_ Também foi o único que li hehe…

_ Forças Armadas me entupirão de bombas…

_ Caralho, quero ir pra casa! Cade este ônibus! Ainda vou comer minha gatinha…

_ Os amores se perderam em Hong Kong…

_ Fui campeão de natação um dia…

_ Fogos no céu azul…

_ Mas desisti de esportes. Sou burro!

_ Trazendo a paz…

_ Me dá um cigarro, estranho!

Toma o cigarro das mãos do homem. Acende com o isqueiro de ouro, que não devolve. O homem sorri e continua:

_ As bruxas estiveram presas nos subsolos das igrejas…

_ Porra, que frio, meu irmão! Minha mente acelera. Sou puritano puto. Quero voltar pra natureza, entende, bicho?

_ E padres comeram crianças por toda vida…

_ Que artista você acha mais gostosa? Eu sou louco pela Catherine Zeta-Jones! Que gostosa!!!

_ E as crianças cresceram e viraram padres.

_ Aí, meu camarada, eu vou nessa, vou andando mesmo! Minha gata tá me esperando. Tenho que dar uma foda senão eu apanho hehe.

_ Cuidado, veja onde se esconderam os urubús!

_ Ela gosta de sexo oral o tempo todo. Minha boca fica dormente, cara!

_ A inveja corrói as almas penadas do planeta!

_ Mas fazer o que? Se eu não faço, vem outro e créu!

O cabeludo se levanta do chão. Aperta a mão do homem de terno:

_ Foi bom trocar uma idéia contigo, bobão!

_ As curvas são infinitas. Minha mulher me largou.

_ Tchau, cumpadre. Aproveita e vá à merda… hehe.

_ Homens não se entendem.

_ Mas minha mulher é gostosinha demais. Que peitinhos! Fui!

_ Alucinações de déspotas dos poderes capitalistas.

_ Posso levar o isqueiro?

_ Joana D’Arc era um tesão.

_ Vou lá! Vou foder!

_ Espere os aviões. Casamatas e ferrões de abelhas nucleares!

_ Quer dormir lá em casa, parceiro? Tu é gay não, né? hehe.

_ A morte é iminente. Os polos derretidos. Continentes desaparecidos. Minha mulher me deixou.

_ Hei! Lá vem o ônibus, maluco! Pega ele!

Mas o ônibus não parou. O cabeludo voltou e amanheceram ‘conversando’.

(É assim que vejo a harmonia entre os homens às vezes. Uma Babilônia existencial. Um desperdício espiritual. Uma pena.)

Quando prolixo… o amor renova-se

Deitei-me em minha cama, cabeça em dores, suspiros torpores,

uma leve agonia que ia crescendo enquanto o sono não vinha.

Fustiguei meus instintos mais íntimos e nada obtive em resposta.

Tentei ouvir de mim dentro o que se passava

mas é irracional a sensação do amor perdido,

é covarde a dor causada em mulher apaixonada e

é engano descontente saber da alma de um aflito…

e música para essas horas, é aquela em que acordes

são silenciosos e vibra apenas o desiludido pedido do coração

de querer de volta o homem amado que desaparece

como um gás impiedoso entre as moléculas da madrugada

deixando órfãos, lábios entreabertos  para beijar.

Tormentos em longa noite sem frio, sem cobertores.

Delírios de solidão de um amor que não fica e parte

levando, meliante, as poesias da poeta nua…

Fácil dormir em prantos e soluços- inspiração a caminho-

moderna forma de compor do nada o que para alma

é tudo que há de necessário para viver entre as nuvens

eróticas da matéria inorgânica em mídias tecnológicas…

Difícil é acordar sem companhia, sem uma frase de ‘bom dia, gostei de tua poesia, mulher, era mesmo para mim?’

Complicado deixar voar embora a gaivota apaixonada

que apenas esteve prolixa porque trazia dores nas asas feridas…

Que tão somente precisava de uns especiais cuidados

um cantinho para descansar as mágoas que tornaram-se peso

sem misericórdia em tantos anos de vôo angustiado.

Perfeito roteiro para solidão e desespero de mulher

sem sonhos mais na vida, sem tato para o amor:

esqueceu de como se faz um homem feliz… que se perdeu!

Pela manhã, um café bem forte, a vida segue? segue mesmo?

E como alçar de novo o vôo se nem tempo houve

para consertar as partes machucadas das asas?

Se nem oportunidade de explicar que o amor prolixo é efêmero

porque se torna feliz… e quando é feliz, se acalma e dorme?…

E, se contar os dias, percebe-se  que em pouco tempo

as feridas curam-se e não mais insensato ou desvairado

será o coração da mulher tranquila e aplacada de sua longa solidão…

Que não haverá mais loucura e nem insanas trepadas de desespero,

não surgirão mais fúria desconexa, nem surtos orgásticos…

Deixe apenas o pássaro dormir em paz, acaricie-o que ele voltará à vida

e terás tua poeta nua mais calma, mais livre…

a liberdade é tudo que um coração, por tanto tempo aprisionado,

precisa para deixar de ser louco e amar como as gaivotas:

feliz, sereno, refletindo suas asas nas águas verdes do mar.

Aliás, a esta altura, as asas do coração estarão curadas

e prontas para voar;

entretanto, por isso mesmo, já em posse da liberdade, ele prefere ficar

e acomodar-se no colo de um grande amor…

Porém, eis aí o paradoxo da vida:

Se o coração não encontra acolhida, bate suas asas curadas

e parte em busca de um novo sentimento,

ainda que pondo em risco, mais uma vez, sua felicidade…

Novos escritores – Adriana Costalunga

Adriana Costalunga (1968), é de Campinas (SP). Graduada em Comunicação Social, com Pós-Graduação em Administração, cursa a Faculdade de Direito. É redatora e revisora de textos de publicidade. Colaborou com crônicas para os jornais Diário do Povo, de Campinas, e Diário de Sorocaba. Atualmente estagia em um escritório de advocacia. Em 2006, lançou o livro “A arte de conquistar clientes”, sobre empreendedorismo, pela R G Editores.

O açougueiro

Era dia de faxina na casa de Zulmira quando o toque insistente do telefone a fez descer do alto da escada onde limpava uma prateleira.

— Desculpe-me a ousadia… — foi o que logo ouviu de uma voz galante.

— Há tempos venho ensaiando para te ligar…

O coração começa a bater descompassado. Quem diria? Alguém a notara por aí! E pensar que o marido nem chegou a perceber que pintara o cabelo de vermelho…

— Eu quero marcar um encontro com você…

Ao ouvir a proposta, Zulmira enrubesceu. O coração parecia querer pular fora de seu peito. E agora? O que dizer?

— E então? — insistiu a voz.

— Eu… eu… não posso… — gaguejou.

Quem seria este homem? Aquele vizinho novo que vivia às voltas com um poodle? Não! Ele parecia ter um jeito meio afetado. Deus meu!, seria o Odorico? O açougueiro? Bem que percebera que ultimamente ele sempre lhe escolhia a melhor peça…

— Eu sei que você é uma mulher casada… eu entendo… mas é apenas um encontro…

— Não, eu não posso! — repetiu com firmeza.

Afinal de contas tinha lá os seus princípios, e ainda por cima dois filhos adolescentes. E se fosse mesmo o Odorico? Ah! O Odorico sim valia a pena. Um homem que mexia com a carne daquele jeito, o que é que não faria com uma mulher?

— Ninguém ficará sabendo… eu prometo! — continuou ele, persuasivo. – E tenho certeza que será uma noite inesquecível… Começaremos com um jantar à beira-mar… Depois iremos navegar durante a madrugada… Zulmira deixava-se levar pela imaginação quando foi surpreendida por uma pergunta:

— Você gosta de ostras?

— Ostras? — repetiu, sem saber o que responder. Nunca comera ostras em toda sua vida, mas lera numa revista da cabeleireira que ostras eram afrodisíacas.

— Se você não gosta eu…

— Não! Imagine… gosto sim! — exclamou.

— Eu posso esperá-la amanhã à noite? — perguntou–lhe o homem. — Estou bastante ansioso para encontrá-la.

E agora? Deixaria a vida passar sem lutar por algumas boas lembranças? Este pensamento fora suficiente para convencê-la.

 — Sim! — respondeu decidida.

— Onde podemos nos encontrar?

— Faz o seguinte Telma: às 8:30 você me liga…

— Ei! Peraí! Meu nome não é Telma!

— Não?!! — exclamou o homem, aturdido.

— Não! — confirmou Zulmira, com a voz zangada.

— Mil perdões! — disse ele e desligou envergonhado num baque rápido. E sem mais nada por esperar daquela tarde, Zulmira continuou a espanar a prateleira, pensando, de quando em quando, num longo suspiro, que a vida é assim mesmo.