FINITUDE

O mais importante na vida é termos consciência de que nada merece nossa atenção em escala de cem porcento. Por mais que haja motivos e objetos necessitando de atenção, carinho e zelo, digo que não possuimos tempo para tantas tarefas; e desta forma tudo se torna sem importância. Hedonistas ou místicos; materialistas ou religiosos, todos estamos sem tempo. Por mais que queiram desdobrar-se em mil tarefas no intuito de vencer as barreiras dos anos, claro está que alguns destes afazeres deixarão a desejar, portanto não insistamos.

Agir como Nietzsche e desligar os relógios e a rotação da terra, é demais para mortais, este foi encargo pessoal do filósofo que assim vislumbrou o mundo, e com sucesso, tendo em vista que dedicou-se apenas a pensar.

Lembremo-nos do tempo que é finito e implacável. Volto a insistir – larguemos as incumbências secundárias e terciárias para apenas haver dedicação àquilo que mais nos dá prazer, e seja o que for, façamos apenas o que amamos, porque dentro em pouco a Morte se ocupará de nós, e este é seu único e irrevogável prazer.

DOR

Não fosse o milagre de acordar todos os dias renovadas, muitas pessoas cometeriam o suicídio. A renovação em questão alivia a dor passada, contudo, não garante novas manhãs belas e perfeitas; apenas que algo inusitado pode acontecer; e esta expectativa basta para que  suportem todo tipo  de sofrimento imposto pela própria negação de um administrador. Pelo constrangedor comportamento que assumem, tais pessoas aprendem, ao longo de suas vidas, que a independência as legitima enquanto ser pensante. O preço pago por sua decisão é aceitável, já que não cogitam a morte. A questão são clichês do tipo ser feliz para sempre, do seu jeito. A única falha em tal estilo de vida, é não perceberem que a morte pode ter vários significados, já que tanto elas quanto quaisquer outros têm o direito de olhar a vida sem, contudo, driblar como num ginásio de patéticos iniciantes, a mais cruel e definitiva realidade da gente: a morte as deixam estúpidas e vulneráveis diante de toda sua teoria estilosa de vida, quando se tornam adubo, e apenas isso é real – a continuidade dos ciclos e das manhãs ensolaradas, mas só que sem a presença delas.

O VOO SENSUAL

A sensualidade é a percepção de todos os sentidos em alerta maior, para que a consciência, previamente preparada, deixe-nos alcançar sensações tais como voos de animais sagazes e ávidos por se alimentar de todas as formas. Acasalando-se e recriando-se em doces ciclos naturais, sim, é a natureza nos prevenindo da importância dos sentidos, porém parece que em nós – amargos humanos – os sentidos não nos são preciosos, uma vez que importamos do mundo exterior, amores e desejos pré-ajustados para uma maquiagem sinistramente desprovida de originalidade, e tão comum a ponto de um simples voo de uma ave qualquer nos envergonhar por nossas podadas asas humanas.

A Literatura em Mãos Erradas

                            AI DE VÓS, ESCRIBAS E FARISEUS HIPÓCRITAS!

Louis  Scutenaire

Eu escrevo para libertar o meu cérebro, não para atravancar o dos outros.
   

O homem descobriu a necessidade de se comunicar. Passando da era da oralidade, mergulhou, encantado, no universo das escritas. Desde então, o mundo tornou-se globalizado, comunicando-se mentalmente através da palavra escrita.

Há dois tipos de escritores. Os que vivem para a literatura, seja ela científica, filosófica, ou artística. E os que fazem de tal arte um experimento, como se escrever fosse uma opção. Quando alguém nasce com tal dom, esse escolhido busca um caminho dentro de sua preciosa tarefa na terra.

Recentemente escrevi um conto sobre tal tema, onde um velho sábio explica que cada um de nós nascemos com aptidões e dons distintos. Assim como a atriz Glória Pires que, em certa ocasião, levantou estandarte contra modelos que se diziam profissionais das artes dramáticas, eu, em nome dos escolhidos, levanto minha pequena bandeira contra os falsos e iludidos escritores que vêm perturbando a paz na internet.

Para quem está acompanhando a saga desta aberração literária, sabe que me refiro ao blog Duelo de Escritores. E declaro, sinceramente, que não me causa prazer desenvolver tão cansativa tarefa, todavia, os participantes estão cada vez mais ousados, porém no pior sentido, pois resolveram, agora, defecar sobre as letras, sem o menor escrúpulo. E para quem está desinformado, leia aqui e aqui.

          Vamos às análises dos textos cujo tema foi mancha:

“MEU NOME É” – VOGAN CARRUNA

– O primeiro texto chama-se Meu nome é, do escritor Vogan Carruna que, como era de se esperar, perdeu a linha (do tempo) e virou criança, brincando com rimas pobres, descrevendo, como se fosse para leitor infantiloide, todos os tipos de manchas. O texto é tão didático que presumi que ele deva ser professor do ensino fundamental. E não poderia deixar de observar que este escritor perdido no tempo, ainda analisa os textos dos outros participantes usando a metonímia (ou metáfora?) para tal. Ou seja, “Superpoder” que é quando ele destaca o que gostou no texto. “Criptonita” é a parte que não agradou; e, por fim, ele resume com um “P.S.” que, geralmente, pretende ser uma dica de quem sabe mais. Se isso não for infantil e sem imaginação, nada mais poderá ser. Literatura é justamente a arte de transformação e não da repetição. Enfadonho. Um saco.

                             “O VINGADOR DE SANGUE” – ELAINE ROCHA

– O segundo texto foi O vingador de sangue, de Elaine Rocha. Esta participante é ainda muito jovem, mas, infelizmente, não é o que podemos chamar precocidade literária como o foi, por exemplo, Mark Twain, ou o caso emblemático de Arthur Rimbaud, que mudou o rumo da poesia, aos doze anos, e, claro, nosso amado Álvares de Azevedo que, aos treze anos, dominava o francês, inglês e latim. Pouco depois, traduziu Shakespeare e Byron, já mostrando ótima desenvoltura com prosa, drama e, principalmente, com a poesia.

Elaine Rocha, segundo seu perfil na rede Skoob, já leu 439 livros, aos quinze anos. Notável e digno de admiração. Contudo, como explicar um texto que começa terrivelmente assassinando o português, ao descrever uma vítima de violência física com o predicado nominal inenteligível. Talvez fosse um erro a passar cinicamente despercebido pelo crítico do espaço, Jefferson Maleski, não fosse o fato do paradoxo ler/escrever. Se está provado que quem muito lê, tende a escrever com excelência, prefiro evitar conclusões pessoais e/ou precipitadas.

Todavia,  o fato que mais me chamou a atenção foi que, se com tanta leitura, foi necessário copiar um texto já publicado em seu blog, a candidata Elaine não teria imaginação e/ou talento suficientes para criar um texto especialmente para o evento?

Minha cara, em literatura, nem tudo que reluz é ouro! Enquanto uns proliferam em criatividade, e não nos gabamos – é dom; outros insistem em ser o que jamais serão, porque talento vem de Deus, e sempre há um preço a pagar, acredite. Entretanto, espero que esse comentário abra seus olhos, Elaine Rocha. Para quem está começando, o Duelo de Escritores é o pior lugar para treinar. Basta comparar seu texto de estreia com o fiasco desta rodada.

                  “O SÍTIO, NEM SEMPRE TÃO CALMO” – NATÁLIA OLIVEIRA

– Então o próximo participante é o texto O sítio, nem sempre tão calmo, da insistente ex-futura médica Natália Oliveira. Como previ, a sua participação no Duelo de Escritores piora sua narrativa a olhos vistos. Desta vez, desesperadamente, ela intentou criar uma estória de terror. Conseguiu, haja vista que o texto é tão horrendo que chega a virar comédia. Em seu blog literário, ela posta vários artigos sobre a escrita, esquecendo, ela mesma, de seguir os conselhinhos básicos que existem por aí como, por exemplo, escrever no Word, ou qualquer corretor miserável que existe aos montes na internet. Os erros de português remetem, novamente, ao jardim de infância brasileiro, ao estudo que leva uma ex-estudante de medicina a escrever cinto com s, “tenta acalmar a menina enquanto solta seu sinto.” Mais uma agressão sistematicamente ignorada pelo crítico do blog que, antes de perceber que o Duelo naufragava, apontava todos os erros dos participantes. Compreensível seu silêncio.

                            “NEM O DIABO PODE” – JEFFERSON MALESKI

– E, graças a Deus, o último participante, Jefferson Luis Maleski, com o sofrível candidato a plágio Nem o diabo pode. Para não ser injusta, confesso que li, contra a minha vontade, várias vezes. Só pode haver um espírito maligno que conspira contra a literatura neste bloguito. Não sei se é crônica ou um textinho de entretenimento, o fato é que me lembrou aquela imundície que saía em um jornal – não sei se ainda existe, pois não leio a marrom – que publicava umas croniquetas do dia a dia das infelizes donas de casa e seus maridos, ora cornos, ora espancadores, ora assassinos, etc. Para escrever sobre tal tema, em comédia,  o escritor precisa, no mínimo, possuir empatia, ingrediente ausente na maioria das pessoas.

A linguagem coloquial é para lá de regional, não passa das fronteiras de seu Estado, e não sou xenofóbica. Acredito na universalidade literária, tanto que amo Jorge Amado. E escrever comédia é mesmo dramático, não é para qualquer um, mesmo escritor. Por fim, aplausos para Luis Fernando Veríssimo e seu Comédia da vida privada. Seria uma boa leitura antes da aventura insólita do escritor que me levou ao mesmo questionamento: por que leem tanto e criam tão pouco?

“P.S.” Provavelmente esta foi minha última rodada nos comentários aos cansados e desarmados duelistas que usam agora tudo que têm, seus guerreiros despreparados para a arena. E pior, candidatos que, ao que tudo indica, jamais serão guerreiros da literatura. Para tal é necessário talento e muito sangue, mas isso já é para a medicina. Ou não.

“P.S.“2 Ideias genéricas e uma grande presunção estão sempre em via de causar uma terrível desgraça. (Johann Goethe)    

Inté!

 

 

Aforismos Célebres da Humanidade

O pensamento é a presença do infinito na mente humana.
Emílio Castelat

Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.

Amamos sempre no que temos o que não temos quando amamos.

Fernando Pessoa

O sono é a morte sem a responsabilidade.
Fran Lebowitz

O homem pode tanto quanto sabe.
Francis Bacon

A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil, e o escrever dá-lhe precisão.
Francis Bacon

Não tenho medo de morrer; tenho medo, sim, é de deixar de viver.
François Mitterant

Às vezes um charuto é apenas um charuto.
Sigmund Freud

Não pode haver felicidade quando as coisas nas quais acreditamos são diferentes das que fazemos.
Freya Stark

A juventude é uma coisa maravilhosa. Que pena desperdiçá-la em jovens.
George Bernard Shaw

Aquele que não tem um objetivo, raramente sente prazer em qualquer empreendimento.
Giacomo Leopardi

O sexo é. Simplesmente é. O sexo não constrói estradas, não escreve romances e não dá significado a nada na vida, exceto por si mesmo.
Gore Vidal

A Virtude do Aforista – Samuel Johnson

A excelência dos aforismos não consiste tanto na expressão de algum sentimento raro e abstruso, como na compreensão de algumas óbvias e úteis verdades em poucas palavras. Nós frequentemente caímos em erros e distrações, não porque os verdadeiros princípios de ação não sejam conhecidos, mas porque, durante algum tempo, eles não são recordados; e o aforista pode, então, ser enumerado justamente entre os benfeitores do gênero humano que contrai as grandes regras da vida em sentenças curtas, que podem ser facilmente colocadas na memória, e serem ensinadas através da lembrança frequente para que possam ocorrer periodicamente à mente.

Samuel Johnson, in ‘The Rambler’

Aforismos, aforriem-me!

A pior guerra que travei em minha vida, foi amar e odiar toda e qualquer pessoa. Partindo deste insólito propósito, derrubei barreiras, e descobri que amar e odiar, seja qual for o filósofo, ou o ser humano, deixar-me-ia satisfeita, não apenas como mulher, mas totalmente satisfeita. Por isso, inspirada no filósofo Jefferson Luiz Maleski, veio-me tamanha inspiração para discorrer sobre tema apaixonante, a saber, amor e ódio, sobre o mesmo abismo humano.

Como o filósofo pós-moderno Jefferson nos induziu a tal pensamento, transcrevo seu aforismo, em primeiro lugar:

“Existem pessoas de quem não consigo dizer o que é pior: ser amado ou ser odiado por elas.”

Eu respondo que, que bom termos alguém assim, haja vista que sentimentos não lhe faltam!

A seguir, derreto-me, debaixo do cáustico sol, às palavras de Nietzsche:

“Aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.”

Respondo que concordo, caro e amado Nietzsche. Teu amor pelo homem e pelo cavalo me inspira.

E, para que não seja eu julgada como insólita desapaixonada, trago também, nada menos, que Marcel Proust!!:

“Deixemos as mulheres bonitas aos homens sem imaginação.”

Respondo, triste, ao querido Proust: como provar que, mesmo bonita, sou feia para alguém? E o que é beleza?

Concluindo eu, deverei, assimilando tantas pensaduras, crer que, nenhum homem, se não teve posse da mulher que diz amá-lo, recolher-se-á à sua provável insignificância, a menos que publique, numa próxima oportunidade, no cartório da realidade, que ruins são os beijos da mulher que o ama.

PS – Misturando estes homens pensadores com a matemática, chego a um resultado: Subtraindo-se não será possível chegar a um resultado satisfatório.

Colaboração: Guto Fontela